Como as habilidades socioemocionais impactam no futuro das crianças?
Segundo Daniel Goleman, autor do livro “Inteligência Emocional”, “nossas escolas e a nossa cultura privilegiam a aptidão no nível acadêmico, ignorando a inteligência emocional, um conjunto de traços – alguns chamariam de caráter – que também exerce um papel importante em nosso destino pessoal.”
Ao chamar a atenção para as habilidades socioemocionais, Goleman reforça a noção de que, mesmo que um indivíduo domine as habilidades mais valorizadas no mercado de trabalho, ao ignorar o conjunto de habilidades que compõe a inteligência emocional, limita o seu potencial e cria uma espécie de teto de vidro que determina até onde pode chegar.
De maneira geral, a sociedade ignora o desenvolvimento das habilidades socioemocionais dos indivíduos. Assim, passando pela infância, adolescência e chegando à vida adulta, a maior parte das pessoas é imatura nas interações que estabelece e, sobretudo, na forma como lidam com as próprias emoções.
Nesse cenário, alguém que domine de maneira mediana tais habilidades já apresenta uma valiosa vantagem.
Os prejuízos causados pelo desenvolvimento insatisfatório das habilidades socioemocionais durante a infância

Como resultado de um longo sistema de negligência dos processos sociais e emocionais que permeiam todas as relações humanas, temos o que Goleman chamou de fábrica de incompetentes sociais.
Ao analisar o caso de um adulto que, por mais brilhante que fosse no campo acadêmico, não sabia estabelecer uma interação social minimamente agradável, o terapeuta chega a conclusão de que essa inabilidade é consequência da “falta de aprendizado, na tenra infância, das mais elementares regras de interação social”.
Assim, devido aos diversos motivos porquê o indivíduo em questão não foi exposto a determinados aprendizados enquanto criança, penava na vida adulta agindo estranhamente, deixando todos pouco à vontade e sem jamais iniciar qualquer contato social.
Por isso, Goleman considera esse caso emblemático para ilustrar “a natureza crucial das incontáveis lições que as crianças obtêm na sincronia de interação e nas regras tácitas de harmonia social.”
Como produto dessa atrofia social, “o não cumprimento dessas regras é perturbar, incomodar aqueles que nos cercam.” Pois o objetivo principal do desenvolvimento das habilidades socioemocionais é, justamente, deixar confortáveis todos os envolvidos nas interações – intercâmbios – sociais.
Em resumo, “as pessoas que não têm essas habilidades são ineptas não apenas em sutilezas sociais, mas também em lidar com as emoções daqueles com quem se relacionam; inevitavelmente, deixam perturbação por onde passam”.
Apesar de se tratar de um exemplo em que o domínio das habilidades socioemocionais é bem próximo da nulidade, o mais comum é que as pessoas cheguem a vida adulta com algum nível de desenvolvimento que é, contudo, insuficiente em exposições prolongadas e em situações mais complexas, por exemplo, conflitos e negociações.
Entretanto, o autor esclarece que esse conjunto de habilidades pode ser aprendido da mesma maneira como se aprende todas as outras disciplinas na escola durante a infância. Aliás, quanto mais cedo se iniciar o desenvolvimento das habilidades socioemocionais maiores são as chances de sucesso em todas as outras áreas da vida.
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